28.6.07




Cantiga POR Luciana

Esta música é de quando os brasileiros ainda sabiam como se usa a preposição por.
Além de bela, a música é DE Edmundo Souto e Paulinho Tapajós

Ouçam a música e acompanhem a bela letra:

Cantiga por Luciana
1969

Manhã no peito de um cantor
Cansado de esperar só
Foi tanto tempo que nem sei
Das tardes tão vazias por onde andei
Luciana, Luciana
Sorriso de menina dos olhos de mar
Luciana, Luciana
Abrace esta cantiga por onde passar


Nasceu na paz de um beija flor
Em verso, em voz de amor, já
Desponta aos olhos da manhã
Pedaços de uma vida que se abriu em flor

Luciana, Luciana
Sorriso de menina dos olhos de mar
Luciana,Luciana
Abrace esta cantiga por onde passar


(ouça aqui: http://www.youtube.com/watch?v=PKNO92o4nKo)





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26.6.07




Palavra em Risco de Extinção du Jour: Azar

O mais recente falecimento iminente de que dei conta é o da palavra azar. Que pena. Ela sempre foi usada em oposição a sorte.

Se estivesse com tempo de sobra, eu teria muitos casos para contar, mas acho que dois já servem de exemplo. Tenho certeza de que meus queridos leitores terão outros casos para contar também.

O primeiro exemplo é de uma tradução de videogame que fiz recentemente. O original era "Bad luck!" - uma exclamação que surge na tela quando o jogador perde. Em português, escrevi "Que azar!", a tradução óbvia. Os revisores lusitanos mandaram trocar por "Você não deu sorte", com a justificativa "Expression not used in this context". Tenha a santa paciência! Fiquei aborrecida com essa demonstração medieval de superstição.

Sábado, assistindo a um programa de TV, uma personagem, ao falar em espelho quebrado, disse que seriam "sete anos sem sorte", em vez de "sete anos de azar". Nasci e cresci ouvindo a expressão "sete anos de azar" e não vejo motivo nenhum, a não ser mera superstição medieval, para a troca de azar por sorte. É um absurdo que não tem o menor cabimento! É simplesmente ridículo, é uma troca que faria sentido no século XIV, ou XV, mas apelar para esse tipo de preconceito contra a palavra "azar" em pleno século XXI me embrulha o estômago. Francamente!

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18.6.07




O maldito POR - Parte II

O texto abaixo é de autoria de uma pessoa por quem tenho enorme respeito profissional. Por motivos particulares ela me pediu que omitisse o nome dela e o da professora e eu vou omitir também o nome do colégio. Pedi permissão para publicar aqui este texto dela porque é mais uma confirmação da macaquice gritante do "por" antes do nome do autor. Também é de 1999.


"Vou contar um caso para provar que esse "por" não faz mesmo parte da tradição da língua portuguesa nesse caso. Sou bastante velha para ter passado por ambas as fases.
Na década de 60 eu estudava no Colégio XXXXXXXXXXX, que era padrão de ensino no Estado. Minha professora de inglês chamava-se XXXXXXXXX, e quem a conheceu pode dizer que ela sabia muuuiito inglês. Mas deu uma mancada, que foi a seguinte. Uma vez passou para a classe um filme sobre cidades inglesas, com seus vários redutos culturais. Lá pelas tantas apareceu uma orquestra dirigida por regente conhecidíssimo meu na época (agora já nem me lembro mais quem era), que tocava a abertura dos Mestres Cantores de Wagner (veja bem, eu disse DE Wagner - alguém diria outra coisa?). A tarefa de casa consistia em narrar em inglês o que havia sido visto. Eu, regateira como sempre, resolvi mostrar erudição e dizer quem era o regente e qual a peça que estava sendo tocada. Foi fácil, eu tinha aquilo em casa, numa gravação americana. Copiei tudo e acrescentei: BY Wagner. Na prova, veio a "correção": "OF" Wagner.
Pois bem, ela seguiu o que o espírito de sua língua materna mandava (= preposição "de"). Na época, a lavagem cerebral ainda não havia começado.
Para mim está claro o seguinte em português:
1. Nome de autores DE artigos sempre vieram sem preposição alguma logo após o título. Mesmo porque QUALQUER preposição ali colocada é redundante, desnecessária, supérflua.
2. Nas frases escritas e faladas ninguém diz que viu um filme POR Steven Spielberg nem que ouviu uma sinfonia POR Mahler. Se estamos falando de DIRETORES e AUTORES, dizemos DE. Isso é indiscutível.
3. Se a preposição "por" se faz necessária é nos seguintes casos: quando o texto foi organizado POR, editado POR, coligido POR, ou qualquer coisa do gênero que precise ser explicitada. Só que, nesse caso, o "por" não aparece sozinho, mas precedido da atividade em questão, como por exemplo: Livro Tal, organizado POR Fulano. Canção tal, gravada por Fulano.
4. Rebatendo o argumento de que antes do "por" estaria implícito um verbo na passiva (do tipo "escrito [por])", eu digo:
- Pois bem, isso seria possível, sim, claro; SÓ QUE a língua portuguesa sempre preferiu deixar implícito um substitantivo (do tipo "da autoria [de])", e não um verbo na passiva. Ou seja, isso faz parte de tradição da língua portuguesa, assim como faz parte da tradição da língua inglesa pressupor um verbo passivo e usar "by". Uma diferença. Incomoda tanto assim? Portanto, é uma questão de uso secular contra um uso que começou a se difundir nos últimos anos de invasão anglófona. ORA, SE É UMA QUESTÃO DE USO E TRADIÇÃO, POR QUE HAVERÍAMOS NÓS DE RESPEITAR A TRADIÇÃO DA LÍNGUA INGLESA, E NÃO A DA NOSSA?
Alguém responde a essa pergunta com argumentos fundamentados?"

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A minha amiga desistiu de esperar pela resposta, mas eu estou esperando até hoje.

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9.6.07




Existe tradução fácil?

Is there such thing as an easy translation?