31.12.09




FELIZ 2010!



Colei uns slides e juntei uma música da dupla Gnarls Barkley chamada Going On, que é uma música que me ajudou muito nos piores momentos de 2009 que, confesso, não esteve entre os melhores anos da minha vida. A música sempre me empurra para a frente, em qualquer situação, boa ou ruim. A minha vida tem trilha sonora! Não sou diva de Hollywood, mas tenho trilha sonora, e posso garantir que é de muito bom gosto.

Em 2009 reencontrei muita gente que imaginava que não iria mais encontrar e fiquei contente com isso. Consegui manter contato com amizades antigas. Tive a minha dose de decepções, mas essas já vão contabilizadas em qualquer vida, de qualquer pessoa. O importante é que estou encerrando a contabilidade de 2009 com um saldo positivo, com otimismo e esperança de continuar enxergando a luz no fim do túnel.

Tenham paciência de esperar pelos slides, pois vocês verão as fotos das criaturas mais amadas da minha vida: Lea e Kiko.

Espero que vocês entrem em 2010 com as esperanças erguidas como se fossem os estandartes de uma escola de samba, que entra garbosa na avenida para emocionar a platéia.

Feliz 2010!

E, para quem quiser acompanhar, aqui está a letra de Going On, de Gnarls Barkley:


I've seen it with my own eyes
How were gettin otherwise
Without the luxury of leavin

The touch and feeling of free is
Untangible technically
Something youve got to believe in

Connect the cause and effect
One foot in front of the next
This is the start of a journey.

And my mind is already gone
And though there are other unknowns
Somehow this doesnt concern me.

And you can stand right there if you want

But Im going on
And Im prepared to go it alone
Im going on
To a place in the sun thats nice and warm
Im going on

And Im sure theyll have a place for you too
oohoohoo

Anyone that needs what they want,
and doesnt want what they need
I want nothing to do with

And to do what I want
And to do what I please
Is first of my to-do list

But every once in a while I think about her smile
One of the few things I do miss
But baby Ive to go
Baby Ive got to know
Baby Ive got to prove it

And Ill see you when you get there

But Im going on
And Im prepared to go it alone
Im going on
May my love lift you up to the place you belong
Im going on

And I promise Ill be waiting for you
oohoohoo

30.12.09




Cheiro de Livro

Reencontrei um texto que escrevi em julho do ano 2000, ou seja, há quase 10 anos. Antes que eu volte a perdê-lo, resolvi republicar, pois não tenho mais o blog onde o havia publicado.

CHEIRO DE LIVRO

Jussara Simões -- 27/7/2000


O livro de papel tem seus méritos. Adoro cheiro de livro. Tenho mania de cheirar livro (quando ninguém está olhando, para evitar a fatídica camisa de força, naturalmente). Cada livro tem seu cheiro. Livro velho tem cheiro de biblioteca.

Livro de biblioteca às vezes vem impregnado de perfume, aquele cheirinho gostoso da loção de quem o folheou pela última vez. A gente fica imaginando como será aquela pessoa tão perfumadinha.

E o cheiro de charuto? A gente logo imagina um Dr. Freud com aquele olhar austero, sentado à poltrona com o livro aberto, apoiado na palma de uma das mãos, e a outra ostenta um cubano, soltando anéis de fumaça enquanto o leitor matuta, absorto, e se delicia com o sabor do charuto misturado ao da leitura. É, às vezes um charuto é só um charuto.

Certos livros têm cheiro de sala de aula de escola primária. Sabe aquele cheiro misto de merenda com massa de modelar? E voa a imaginação, volta à sala de aula, à professora ranzinza, ao guardanapo que envolvia o pão com
mariola ou a tangerina. O "fessora, posso ir ao banheiro?"

Outros livros têm cheiro de tinta fresquinha, aqueles recém-saídos da loja, que a gente não agüenta esperar até chegar em casa, entra no primeiro McDonald's que aparece, compra qualquer bobagem para ruminar e abre aquele troféu recém-adquirido, babando, não pelo McChicken, mas pelos tesouros que nos esperam dentro daquele baú que finalmente está nas nossas mãos!

E as coisas que aparecem dentro daqueles livros que passaram anos abandonados num canto da estante? Um dia a gente se lembra deles e passeia pelos becos das recordações!

É um recibo de pagamento da anuidade da UERJ. Puxa, 1982! foi a matrícula do segundo ano! Que loucura! Todos os personagens desfilam diante dos olhos... E o Carlão, hein? Quem diria! Solteirão inveterado vai se casar agora. E o Celso? Ah, esse continua criando palavras-cruzadas e bichos exóticos -- tem iguana, fuinha, tarântula... -- Do mal de Alzheimer nunca vai sofrer! -- Que fim terão levado a Rosa, a Naná, o Charles, o Aderson, o Antonio? Puxa... Quanto tempo!

Agora é uma folha de capim. A página está meio suja de terra. Ah, levei esse livro para ler em Visconde de Mauá com aquela turma muito doida. Aquele porre de "pinga com mér", Santa Clara, as cachoeiras... Cala-te, boca!

Nossa! Um extrato de conta de 1975! Não faço a menor idéia do que significaria hoje esse valor! Será que eu estava rica ou muito pobre? Como converter esses números em moeda corrente para saber como andava meu bolso há 25 anos?

É melhor parar de mexer nessas prateleiras. Se eu começar a cheirar os livros, um por um, e abrir para ver que surpresa vou encontrar fazendo as vezes de marcador de página, acabo escrevendo, eu mesma, um livro sobre os cheiros e as imagens que esses cheiros invocam.

20.12.09




Onde estamos? Aonde vamos?

Nunca pensei que haveria de viver até o dia em que tivesse de explicar a diferença entre "onde" e "aonde". Isso é coisa que aprendi no primário, quando ainda era criança, e nunca mais esqueci. Mas isso foi na década de 1960, quando a escola ainda era lugar aonde se ia para estudar e aprender, não era esse "playground" onde os pais largam os filhos enquanto trabalham.

Mas vamos ao que nos interessa. É tão fácil saber distinguir entre "onde" e "aonde" que vou até propor aos queridos leitores que, depois de ler este texto, disfarcem, saiam de fininho, e não confessem, nem sob tortura, que aprenderam aqui. Se alguém lhes perguntar, digam que aprenderam há muitos e muitos anos, que já nasceram sabendo, ou qualquer desculpa esfarrapada, para não confessar que não sabiam uma coisa tão elementar.

Quer ver como é fácil? "Aonde" expressa movimento e "onde" expressa imobilidade.
Aonde vamos? Onde estamos?
Estas são as perguntas corretas: quando indicamos direção, quando indicamos trajeto de um lugar para outro, usamos "aonde", que é a contração da preposição "a" (prima-irmã de "para) com o advérbio "onde".
Quando queremos indicar que algo ou alguém está (imobilidade) em algum lugar, usamos "onde".
Simples!
Um exemplinho que usa as duas palavras:
Eu não disse aonde ia, mas, quando cheguei, telefonei para informar onde estou.

Deixo para vocês um exercício de uso corretíssimo do "aonde":



Também tem "Você vai me seguir", do grandioso Chico Buarque, com o uso corretíssimo do "aonde":



Quem se lembra de outras músicas com o uso correto de "onde"?