18.6.07




O maldito POR - Parte II

O texto abaixo é de autoria de uma pessoa por quem tenho enorme respeito profissional. Por motivos particulares ela me pediu que omitisse o nome dela e o da professora e eu vou omitir também o nome do colégio. Pedi permissão para publicar aqui este texto dela porque é mais uma confirmação da macaquice gritante do "por" antes do nome do autor. Também é de 1999.


"Vou contar um caso para provar que esse "por" não faz mesmo parte da tradição da língua portuguesa nesse caso. Sou bastante velha para ter passado por ambas as fases.
Na década de 60 eu estudava no Colégio XXXXXXXXXXX, que era padrão de ensino no Estado. Minha professora de inglês chamava-se XXXXXXXXX, e quem a conheceu pode dizer que ela sabia muuuiito inglês. Mas deu uma mancada, que foi a seguinte. Uma vez passou para a classe um filme sobre cidades inglesas, com seus vários redutos culturais. Lá pelas tantas apareceu uma orquestra dirigida por regente conhecidíssimo meu na época (agora já nem me lembro mais quem era), que tocava a abertura dos Mestres Cantores de Wagner (veja bem, eu disse DE Wagner - alguém diria outra coisa?). A tarefa de casa consistia em narrar em inglês o que havia sido visto. Eu, regateira como sempre, resolvi mostrar erudição e dizer quem era o regente e qual a peça que estava sendo tocada. Foi fácil, eu tinha aquilo em casa, numa gravação americana. Copiei tudo e acrescentei: BY Wagner. Na prova, veio a "correção": "OF" Wagner.
Pois bem, ela seguiu o que o espírito de sua língua materna mandava (= preposição "de"). Na época, a lavagem cerebral ainda não havia começado.
Para mim está claro o seguinte em português:
1. Nome de autores DE artigos sempre vieram sem preposição alguma logo após o título. Mesmo porque QUALQUER preposição ali colocada é redundante, desnecessária, supérflua.
2. Nas frases escritas e faladas ninguém diz que viu um filme POR Steven Spielberg nem que ouviu uma sinfonia POR Mahler. Se estamos falando de DIRETORES e AUTORES, dizemos DE. Isso é indiscutível.
3. Se a preposição "por" se faz necessária é nos seguintes casos: quando o texto foi organizado POR, editado POR, coligido POR, ou qualquer coisa do gênero que precise ser explicitada. Só que, nesse caso, o "por" não aparece sozinho, mas precedido da atividade em questão, como por exemplo: Livro Tal, organizado POR Fulano. Canção tal, gravada por Fulano.
4. Rebatendo o argumento de que antes do "por" estaria implícito um verbo na passiva (do tipo "escrito [por])", eu digo:
- Pois bem, isso seria possível, sim, claro; SÓ QUE a língua portuguesa sempre preferiu deixar implícito um substitantivo (do tipo "da autoria [de])", e não um verbo na passiva. Ou seja, isso faz parte de tradição da língua portuguesa, assim como faz parte da tradição da língua inglesa pressupor um verbo passivo e usar "by". Uma diferença. Incomoda tanto assim? Portanto, é uma questão de uso secular contra um uso que começou a se difundir nos últimos anos de invasão anglófona. ORA, SE É UMA QUESTÃO DE USO E TRADIÇÃO, POR QUE HAVERÍAMOS NÓS DE RESPEITAR A TRADIÇÃO DA LÍNGUA INGLESA, E NÃO A DA NOSSA?
Alguém responde a essa pergunta com argumentos fundamentados?"

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A minha amiga desistiu de esperar pela resposta, mas eu estou esperando até hoje.

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