23.6.09




Não existe nada mais antigo do que confundir silício com silicone

Peço desculpas aos leitores pela demora, mas me afastei do blog por uns meses por pura falta de tempo (a desculpa preferida dos que querem parecer muito importantes, né?).

Mas, depois de todo esse tempo, a revista Info me tirou do sério e eu resolvi voltar para comentar um erro que jamais poderia ser cometido por uma publicação de informática. O mais antigo não é caubói que dá cem tiros de uma vez, é a desinformação da revista Info .

Pensei que, depois de tantos anos fazendo besteira, a Info tivesse resolvido se tornar uma revista séria. Passei alguns anos sem ler essa coisinha inútil para não morrer de desgosto, mas os anos não a melhoraram em nada no tocante às traduções feitas às pressas, por quem não sabe o que diz. Silício é uma coisa e silicone é outra. E o pior é que em inglês também há duas grafias: silicon (silício) e silicone (silicone), portanto não podem nem alegar que se confundiram com uma palavra só em inglês que tivesse duas traduções em português.

Por que, então, oh, por que, os nossos queridos tradutores improvisados da revista Info insistem, ainda hoje, em escrever que os chips dos computadores são de silicone? Não entrarei em minúcias técnicas para não enfadar meus leitores leigos, mas, pelo menos por enquanto, chip de silicone ainda é uma impossibilidade.

Vou reproduzir aqui o textinho que, embora curto, traz o fatídico "silicone", erro que até seria admitido se cometido por leigos, mas pela revista Info? Não vou comentar nenhum outro erro do texto porque iria consumir demais do meu tempo (e do tempo do leitor), que posso (pode) empregar em coisas mais úteis do que ler uma revista que não respeita o leitor.


Esse chip é um crânio

A misteriosa capacidade de aprendizado do cérebro humano já pode ser mimetizada em um chip. Construído em um wafer de silicone de oito polegadas, o protótipo da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, possui 200 mil neurônios artificiais ligados por 50 milhões de conexões sinápticas. A idéia é estudar os processos dinâmicos do cérebro, a base para o aprendizado e desenvolvimento, em uma rede sintética. De acordo com os pesquisadores, o chip pode trabalhar 100 mil vezes mais rápido que o órgão humano. O grupo planeja construir um superchip com um bilhão de neurônios.


(in Revista Info no. 280, junho de 2009. São Paulo: Editora Abril).