2.1.11




Mais pérolas do mesmo texto

Em primeiro lugar, mais uma vez desejo um excelente 2011 a todos os meus queridos leitores, que já devem estar assustados com tantos textos seguidos, né? De vez em quando acontece. Ainda não consegui sair do mesmo parágrafo do artigo online do meu amigo! 

Naquele parágrafo do "CAPS LOCK", um pouco adiante me deparei com isto: 

"Por mais que você ache bonito, mas os teus seguidores (ou o que restaram deles) não irão curtir a tua vibe."

Pra começar, aquele "mas" está sobrando ali depois da vírgula. "Por mais que XXXX," não permite um "mas" e ficou, assim, tchipuuuu... sem pé nem cabeça. Teria lógica se ele escrevesse assim: "Por mais que você ache bonito, os teus seguidores..." etc. 

Pode ser que alguém queira comentar a mistura de 3a. pessoa com 2a. pessoa, mas isso nem configura erro no português atual do Brasil. Na verdade, eu gosto dessa mistura, acho-a idiomática, até mesmo sensual. Num texto coloquial como o que estou comentando, a mixórdia de pessoas está perfeita! 

Em seguida, ele abre um parêntese e joga no lixo a concordância verbal: "(ou o que restaram deles)".  Hein? "o que restou", mon cher, "o que RESTOU"! Para usar o verbo no plural, deveria ser "oS que restaram", né, benhê? 

Vamos continuar. Pode ser que eu consiga sair desse parágrafo hoje! Ele prossegue com a seguinte pérola (é uma joalheria inteira em um só parágrafo!): 

Eventualmente, caso você queira dar um destaque (entenderam a etimologia da palavra né? Destaque. Enfim...), até que vale a exceção à regra.

Eu queria muito saber o que ele quis dizer com "entenderam a etimologia da palavra né? Destaque. "  Fui procurar a etimologia da palavra "destaque" e encontrei "derivação regressiva de destacar". Tá legal, então vamos à etimologia de "destacar": "orig. contrv". Pronto, a etimologia de "destacar" é controvertida. Respondo, então, a pergunta do meu amigo: Não entendi lhufas! Podia explicar, por favor? O que você quis dizer com esse "entenderam a etimologia da palavra né? Destaque." Acho que não vou conseguir dormir enquanto você não me explicar! 

O texto do meu amigo tem dez itens. Se cada um deles tiver uma caixa de jóias tão bem-fornida, talvez eu tenha material para passar um bom tempo escrevendo aqui sobre esse texto. 

O pior disso tudo é que o meu amigo é inteligentíssimo! Acho que isso é conseqüência das más companhias, só pode ser. O cara anda lendo textos ruins em excesso! A internet está em plena campanha de desalfabetização dos que tiveram a ventura de ser alfabetizados! Nove entre dez blogueiros e neojornalistas digitais são analfabetos funcionais. De tanto ler lixo, não há quem consiga resistir bravamente ao contágio. Estou, porém, investindo no meu amigo. Pode ser que ele resolva passar a prestar atenção no que escreve. Pode ser que ele perceba a responsabilidade que tem perante toda a juventude analfabeta funcional, perante todos os leitores, que vão registrando na memória tudo o que lêem e que, se ele melhorar a qualidade da escrita, vai melhorar a qualidade de todos os leitores. Os jornalistas que plantarem textos bem-escritos, colherão mais textos bem-escritos, ou seja, colherão os textos escritos por aqueles que leram e aprenderam com os bons textos que escreveram. Escrever bem e com consciência social é uma maneira de educar os leitores, principalmente neste país, onde a educação foi para a lata do lixo há tantas décadas. Por mais que me critiquem, é isso que tento fazer no meu blogue há muitos anos e até antes, na década de 90 do século passado, quando eu tinha o domínio translationpoint.com e usava o cabeçalho giratório, lembram?


Sim, sou um grão de areia no oceano da mediocridade e do analfabetismo funcional, mas, como diz o velho ditado, de grão em grão...

Fiquem na companhia do Raulzito e até a próxima!