25.3.10




Google Translation Toolkit - Qual é a tua, nego?

My dear readers, your ATTENTION, please! Do not even think of trying to translate this post into English using unassisted MT (MACHINE TRANSLATION)! The word "nego" in the title ('Qual é a tua, nego?') CANNOT, SHOULD NOT, MUST NOT be translated into English as "nigga" or anything similar. If you do that, be advised: I'll not be responsible for your stupid translation machine gross errors because it does not take Brazilian culture into account. 




Vamos raciocinar juntos? Pra quem não conhece o Google Translation Toolkit (GTT) é assim:

A gente pega um texto em qualquer língua, leva pro GTT, que traduz tudinho "daquele jeito" (no meu caso, do inglês para o português).
Vamos relendo, segmento por segmento, e corrigindo tudo o que está esquisito (no meu caso, mais de 80% do texto).
Com isso, consertamos o nosso texto, que será entregue ao cliente, mas - ao mesmo tempo - deixamos de graça para o Google todo o aprimoramento que fizemos na tradução dele.
O Google pega o nosso aprimoramento e usa, sem pagar nada.
Eu e o cliente, por conseguinte, fomos lesados! Eu fui lesada porque trabalhei de graça para o Google aprimorar a maquininha dele e o meu cliente foi lesado porque a tradução que ele pagou para que eu fizesse foi entregue de graça ao Google.
Como dizia o saudoso Lilico, "É bonito isso?"

E tem gente querendo me convencer de que o GTT é a oitava maravilha do mundo! Só pra quem gosta de trabalhar de graça! Pra esse bando de gente que traduziu a interface do Facebook, que está traduzindo a interface do Linked-in e do Twitter, por exemplo. São empresas milionárias, mas mendigam na hora de traduzir o site. Acordem aí, colegas!

Será que dá para descer ainda mais? Será que o rebaixamento do ofício do tradutor consegue cair abaixo de zero? Acho que consegue, sim, pois já me disseram que determinada empresa de tradução está exigindo que os tradutores PAGUEM para trabalhar para ela.

Repito: É bonito isso?

Tenho mais a dizer sobre isso, mas, por ora vou esperar comentários, para ver se vale a pena continuar a escrever sobre este empolgante assunto.

Colegas: não se deixem enganar! Trabalhar de graça para uma empresa bilionária como o Google é tiro no pé!

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20.3.10




Tiro de misericórdia no maldito POR antes do nome do autor

O argumento (furado) mais usado pelos defensores do simiesco POR antes do nome do autor é o da elipse. Quando aparece o maldito POR, os primatas inferiores costumam dizer que ocorre a elipse de "escrito". Então "por Fulano de Tal" seria o mesmo que "escrito por Fulano de Tal". 
Vou no popular: "Que mentira, que lorota boa!"

Vamos acabar de uma vez por todas com esse argumento xexelento!

Recapitulando, no texto do Karol ele explicava assim a impossibilidade da elipse: 

Dizem os defensores do "por" que existiria um verbo elíptico: "Iracema (escrita) por José de Alencar". Essa argumentação, entretanto não encontra amparo no estilo da língua, tendo em vista que o verbo elíptico, por excelência, em nossa língua (e nas demais línguas neolatinas), se não houver outro verbo anteriormente explícito, é o "ser".

O tiro de misericórdia no argumento da elipse é o seguinte: a elipse sempre deixa claro qual foi o verbo omitido. E não sou a única pessoa a definir assim a elipse. Vejamos o que diz o "Por trás das letras": 


    Elipse
      Omissão de um termo facilmente
      subentendido. Dito ou não anteriormente. (o grifo é meu) 


Exemplo: As mãos eram pequenas e os dedos delicados. [elipse do verbo eram]

Há centenas de páginas na rede que explicam e dão exemplos de elipses, não preciso me deter aqui.

No nosso caso, esse argumento da elípse de "escrito" cai por terra exatamente porque não está claro, não há como saber se é "escrito", pois o verbo omitido poderia ser qualquer outro! O "por Fulano" pode significar "escrito por", "copiado por", "roubado por", "plagiado por", "macaqueado por", "modificado por", "estragado por", "destruído por". "reescrito por" e uma infinidade de verbos, na verdade poderia ser qualquer verbo da língua portuguesa!

E agora? Como se defendem os advogados do maldito por


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Alguns dias depois, resolvi começar a tirar exemplos do Twitter, para provar que quem pensa em português (e não em inglês simiesco), usa "de", não usa "por" (e os grifos são meus). Por que será que essas pessoas não usam "por" antes do nome do autor? A resposta é óbvia: porque o "de" é a tendência natural da nossa língua e quem não está interessado em macaquear o inglês não imita o "by", porque inglês é inglês, português é português, ora bolas! Conforme for recolhendo pretendo trazê-los aqui.


@tiradoleite: Ontem terminei de ler "O andar do bêbado" de L Mlodinow. Gostei pra caramba, eu indico!


@UtopiaeBarbárie: Twitter oficial do documentário Utopia e Barbárie de Silvio Tendler, estréia 23 de abril nos cinemas.


@livcultura #CulturaVillaLobos recebe hj, às 19h30, o debate de lançamento do livro "O cativeiro na terra" de Jose Martins. Confira:http://migre.me/s7GS


@livcultura Acaba de chegar na #LivrariaCultura o aguardado livro "Bordados" da escritora iraniana Marjane Satrapi - http://migre.me/qWzH





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10.3.10




Abaixo o "por" antes do nome do autor! (repeteco)

Ainda faltava migrar este artigo, de 11 de janeiro de 2006, que estava no Multiply:

Os outros textos que falam do maldito por, estão aqui:
http://translationpoint.blogspot.com/search/label/maldito%20por

O Luiz Karol foi tão claro e conciso, que é preciso divulgar a explicação dele: 

Os argumentos são simples

Do ponto de vista diacrônico:

Em latim, escrevia-se o nome do autor, no genitivo, anteposto ao nome da obra. "Virgilii, Aeneis". Esse caso (genitivo), na evolução do latim para as línguas românicas, foi substituído pelo ablativo regido pela preposição "de", e trocou-se a posição dos termos. ficamos com "A eneida, de Vergílio", ou simplesmente "Eneida/Vergílio", que é mais usado.

Do ponto de vista sincrônico:

Dizem os defensores do "por" que existiria um verbo elíptico: "Iracema (escrita) por José de Alencar". Essa argumentação, entretanto não encontra amparo no estilo da língua, tendo em vista que o verbo elíptico, por excelência, em nossa língua (e nas demais línguas neolatinas), se não houver outro verbo anteriormente explícito, é o "ser".

Do ponto de vista lógico-filosófico:

O preceito da navalha de Ockahm nos diz que havendo dois conceitos de mesma eficácia e eficiência, devemos escolher o mais simples. Portanto, entre Eneida escrita por Vergílio e Eneida de Vergílio, é mais econômico ficar com o segundo.

Para arrematar, "A, por B", estamos carecas de saber, é tradução literal de "Ei bai Bi", e não tradição literária em nossa língua

Faltou somente o argumento semântico (que de certa forma se liga ao diacrônico):

A preposição "de", entre dois termos sem verbo, estabelece uma relação semântica, em que o termo regido pela preposição é colocado em situação de superioridade ao termo principal, denotando origem, posse, circunscrição, causa eficiente, etc.: "Luiz de Niterói", "A casa de Paulo", "A nona de Beethoven". Tratamos aqui de frases nominais.

A preposição "por", nas mesmas condições, estabelece relações de substituição "Seis por meia dúzia", "um pelo outro", etc. Só estabelece outras relações, em casos em que o verbo se torna indispensável: "Teve Machado por modelo", "Passou por dissabores", etc., e indica a causa eficiente somente na voz passiva: "A nona foi composta por Beethoven", que compõe tipos de frases em que não se pode elidir o verbo principal.

Portanto, nas frases nominais que indicam autoria (causa eficiente) a preposição por excelência, na Língua Portuguesa, é "DE"!

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